
23 Mar Pe. Romano
NOTAS BIOGRÁFICAS

Após esta etapa, entrou na abadia de Tre Fontane em Roma. Lá fez a profissão solene (1951) e frequentou cursos na Universidade Gregoriana, chegando a obter a licenciatura em Teologia (1953). Em 1961, atendeu ao apelo do abade do mosteiro de Latroun (Israel) que procurava voluntários para realizar uma fundação no Líbano, conseguindo a permissão para participar dessa iniciativa. Em Latroun, começou a estudar árabe, siríaco e liturgia oriental. Uma vez que o projeto libanês não foi mais endossado pelo Capítulo Geral dos Trapistas, o Pe. Romano retornou para Tre Fontane. O abade, que, com a seriedade do seu empenho monástico, conhecia seu desejo de maior solidão, permitiu-lhe levar uma vida eremita no território do Mosteiro. Um pouco mais tarde, porém, o novo superior não permitiu mais que o jovem monge continuasse sua experiência de anacoreta. Então, certo de seu chamado, partiu para o Líbano e colocou-se sob a autoridade do bispo melquita de Baalbek, vivendo como eremita em Jabbouleh e além disso por um período na Terra Santa, conduzindo uma vida muito pobre, com um regime alimentar que era apenas suficiente, sem aquecimento ou outros confortos. Foi um exemplo de amizade e amor para cristãos e muçulmanos, sem distinção. Sua vida de austeridade, oração e perdão foi para mudança ou edificação, sobretudo porque o Líbano era afligido por uma guerra fratricida. silêncio, desde Do 15º ano de vida eremita, viveu como recluso, pois o Amor-Deus o havia chamado a deixar a Jerusalém terrena para viver assim seu espírito e missão, para morrer pela Terra Santa e ser como Jesus na Cruz, um “recinto de amor”, uma vítima pela paz em Jerusalém, no Oriente e na China (Notas pessoais). Portanto, um homem transformado pela Caridade de Deus, Romano, consumido pela tuberculose, morreu de parada cardíaca no hospital de Beirute em 19 de fevereiro de 1978.
ESPIRITUALIDADE
Com a vida anacoreta, o jovem trapista pretende manifestar a humildade de Jesus, o desejo de Deus. A humildade de Pe. Romano encarna o seu não antepor nada diante do amor de Cristo (RB 4,21; cf. Ibid. 72,11), o amor preferido a si mesmo, a fim de fazer desaparecer tudo e, antes de mais nada, a si próprio. Romano sabe que Deus se deleita com os humildes e, para viver sua vocação e missão para o mundo, aprende de Maria Santíssima. Em sua doação, quer ser não apenas “como o Bom Pastor”, mas também “como a Mãe de todos”.
Ele mesmo anota: “Eremita: missionário do trabalho, da humildade, da pobreza, do abandono, do desprezo” [em outra parte: “esquecer-se de si mesmo e trabalhar em Cristo, com Cristo, para Cristo”], para “realizar em si uma nova páscoa, alegria de Jesus, humildade de Jesus, amor de Jesus, oração de Jesus, glória de Jesus”.
“O que importa é a vontade de Deus, o deleite do amor. Ora, se Esta quiser que você seja o último: ser o último é o que importa. … Deus deseja a humildade: deixar os primeiros lugares para os outros”. O último lugar de Romano e a forma como ele o ocupa – feliz e agradecido – lembram ao ser humano a verdade da sua condição de criatura, porque ele não tem nada que não tenha recebido, e tudo o que lhe foi dado é usado para entrar no gozo do seu Senhor (Mt 25,21) e em ação de graças é compartilhado com os outros, solidarizando-se com eles e privilegiando-os (ver Notas). Romano sentia-se assim imerso no mistério de Deus, tão pertencente à personalidade de Cristo – sua expansão e extensão – a tal ponto de perceber sua própria existência como instrumento para o Reino de Deus: a mínima criatura no coração do amor e do universo; um com todo o povo de Deus; na Igreja de Deus, junto ao altar de Deus; ultimíssimo chamado às bodas, trazendo seu mínimo dom, no último lugar; satisfeito com as migalhas; mínimo Cristo, em quem o Senhor vive o seu Mistério. O amor trinitário, portanto, encontra nele, sempre contente e jubilosamente agradecido por seu caminho de graça em cada etapa e detalhe, sua humilde bem-aventurança, concedendo-lhe trabalhar e dar tudo de si pelo Reino de Deus (cf. notas). Totalmente monge e até o fim um eremita que sempre se sente unido à comunidade de Tre Fontane, Romano vive
uma vocação que é ecumênica porque é verdadeiramente monástica: o coração de sua espiritualidade. A semente o acolheu no Mosteiro. Já aqui o jovem trapista, meditando os Sermões de São Bernardo sobre o Cântico dos Cânticos, tomara algumas notas que enfatizavam que a esposa-alma se identifica com a Igreja e com a missão da Igreja: querendo corresponder ao Senhor, não lhe basta “ser atraída” individualmente, ir sozinha ao Esposo. A identidade e a perfeição de sua vida é a de membro, que iun: “Ut omnes sint consumati in unum” [A fim de que todos sejam um]. Todo cristão pode tentar realizar para si, em si mesmo, a união desejada por Cristo… e a realiza se ele se torna um todo com Cristo, com a Igreja, com cada cristão de ontem, hoje e amanhã, de tal forma que viva a vida do corpo místico para o qual as graças, as dores, os pecados, as necessidades, os desejos do corpo místico são dele, e seus interesses são os do corpo místico…” (Notas). Dotado de excepcional equilíbrio, sensibilidade e delicadeza de alma, junta seus elevados ideais a um extremo realismo; une a austeridade de seu estilo de vida com o coração de criança, com a singeleza para consigo mesmo, com os outros e com toda a realidade, vivendo não só a paternidade, mas a maternidade espiritual e, além disso, uma alegria límpida, que manifesta tanto a equação de sua vontade que fez um nó com a eternidade, uma vontade que só quer o bem e que chega a tudo o que quer, seja a forma com que sua caridade conhece a Deus.
DEUS É, ACIMA DE TUDO, ALEGRIA
Estas são as palavras que melhor condensam a mensagem do Pe. Romano: Deus é, acima de tudo, Alegria.
O sorriso inalterável do eremita muito pobre e provado, seus olhos brilhantes em meio ao sofrimento, comoveram a todos, eram sinal da presença do Espírito, luz acesa por Ele, luz do coração, manifestação da ressurreição, demonstração da existência de Deus, tal como evidência da existência de uma lógica divina superior e um novo modo de ser. O seu era o verdadeiro júbilo pascal, dom do Alto, prova do sobrenatural, alegria que jorrava de dentro e saciava completamente sua alma, comunhão com Ele que satisfaz plenamente. Mas não é. Encontrou o que o homem sempre buscou: Deus, a âncora de tudo. Romano também desfrutou daquela alegria, denominada festa do Espírito (São João da Cruz): uma explosão de caridade que transborda nas profundezas do ser como uma antecipação da glória celestial, fervor que finalmente o levou à reclusão.
(ver Notas).
Publicações
Essa extraordinária figura monástica, esse grande místico, cuja fama de santidade se espalha pelo mundo, já inspirou muitas pessoas e suscitou adesões, devoções e amizades espirituais, especialmente no Líbano e na região de Belluno. Se sua vida muito austera é difícil de imitar, a simplicidade e a unificação que alcançou são, ao invés, o caminho normal de todo o que busca Deus.

Pe. Romano Bottegal.
O eremita missionário (italiano)
Esta extraordinária figura monástica, este grande místico, cuja fama de santidade se espalha pelo mundo, já inspirou muitas pessoas e suscitou adesões, devoções e amizades espirituais, especialmente no Líbano e na região de Belluno.

Pe. Romano Bottegal FORMADOR (italiano)
Em setembro de 2013, à Postuladora da Ordem, a Madre Augusta Tescari, que me pedia para ser Vice-Postulador da Causa do Pe. Romano Bottegal, eu [P Lino] havia objetado que ela deveria ter-se dirigido antes ao Abade de Tre Fontane, Dom Giacomo (Jacques Brière), que, porém, consultado por mim, considerou oportuno que eu assumisse a missão interina, dadas as dificuldades não só suas, mas também da comunidade para se dedicar a essa tarefa.
José Eduardo Câmara
Posted at 15:45h, 19 FevereiroGrazie mille per questa traduzione in portoghese. Sono del Brasile e da tempo voglio conoscere di piu sulla vita e spiritualita del Padre Romano Bottegal.